Segundo a doutrina espírita “a Terra não é o ponto de partida da primeira
encarnação humana”, pois o período da humanização começa, geralmente, em mundos ainda inferiores ao nosso planeta.
“As nossas existências no orbe terráqueo são …,
porém, das mais materiais e das mais distantes da perfeição”, de modo que
“a Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e provas, razão por que aí vive o homem a braços com tantas misérias”.
Para melhor entender essa questão é preciso ponderar que este não é um
planeta primitivo, pois que, de um lado, é nítido o grande desenvolvimento científico e tecnológico vivenciado pela humanidade, evidenciando que
seus habitantes são providos de inteligência. Mas, de outro lado, também é inequívoco que grande parte dessas pessoas ainda apresentam um grande índice de imperfeição moral caracterizada, por exemplo, pelo orgulho e pelo egoísmo.
Para que o planeta seja um mundo melhor é necessário que haja um equilíbrio entre o desenvolvimento material
– científico e tecnológico – e o espiritual – moral -, o que se sucede gradualmente.
Tendo certo que o progresso é uma lei do universo, usamos uma metáfora para dizer que o nosso planeta é um mundo escola e que nele habitam indivíduos em busca da evolução moral e intelectual.
A evolução moral do espírito se explica pela pluralidade das existências quando, por meio de provas e expiações, lhe é possibilitada sua depuração pela reforma íntima.
Mas, a pergunta que se repete é:
qual é a diferença entre provas e expiações?
Pode-se dizer que as Provas são as situações do cotidiano pelas quais são testadas nossas qualidades morais e desenvolvemos nossa inteligência, objetivando que o indivíduo vença suas más tendências.
Já as Expiações são as situações de vida por meio das quais é ofertada a oportunidade da reparação de erros cometidos no passado e, ao mesmo tempo, de nos desenvolvermos com a dor bem suportada que ela – a expiação – nos traz.
Usando novamente a metáfora de que o nosso planeta é um mundo escola pode-se dizer que enquanto alunos somos submetidos a avaliações periódicas
– Provas – que testam o conhecimento adquirido durante o curso.
Se ao final do ano letivo formos reprovados, seremos impelidos a refazer aquele período
– Expiação – até que estejamos capacitados e aptos a progredir, para aprender novas lições.
Assim é que as provas e as expiações são mecanismos educativos – e não de punição – que possibilitam a todo indivíduo, indistintamente, reiteradas
oportunidades de melhoria, ou seja, de progredir, ajudando na sua reforma íntima e, paulatinamente, na transformação do planeta para um mundo de regeneração.
Cabe lembrar que “a Terra …
não terá de transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração.
A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas” .
Allan Kardec: O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Questão 172, p. 122. // Id. – Questão 607b, p. 300 .// O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo 3, item 4.
Allan Kardec: A Gênese. Capítulo 18, item 27.